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ESG: O que o CIO tem a ver com isso

Como cada vez mais empresas estão se preocupando em tornar os negócios mais sustentáveis, no mundo da tecnologia o tema ESG (Environmental, Social and Governance) já é objeto de estudos e ponto importante na hora de avaliar os melhores fornecedores. No entanto, segundo a plataforma Impact! ESG, lançada pelo Google no começo de setembro, 47% dos brasileiros não associam os esforços de ESG a nenhuma marca. Isso se dá pois, apesar da maior conscientização sobre o tema, executivos e líderes de empresas não se importam com a agenda ESG da forma que deviam, principalmente na área de tecnologia, como afirma o especialista da TGT Consult e autor de estudos ISG Provider Lens™ no Brasil, Mauricio Ohtani.

“O mundo está vivendo um momento de mudanças, colocando na agenda discussões sobre saúde, aspectos sociais e mudanças climáticas que estão impactando a vida de todos nós”, declara. Para ele, CIOs devem criar e implementar estratégias abrangentes de tecnologia sustentável. “Estes executivos devem contar com a colaboração de outros líderes dentro da organização para encontrar as alternativas que melhor aderirem às metas ESG”.

As empresas brasileiras, de forma geral, estão discutindo sobre sustentabilidade corporativa e planejando ampliar investimentos em eficiência energética em busca da redução de emissão de carbono. No Brasil, o termo “sustentabilidade” foi tema de pesquisa em 2021 mais do que em qualquer outro ano, segundo levantamento do Google Trends. Uma pesquisa da McKinsey, em 2020, indicou que cerca de 83% dos investidores C-Level esperam que práticas ESG alavanquem os negócios das companhias.

“Na área de consultoria, grandes empresas, principalmente as multinacionais que nos procuram para encontrar um parceiro de tecnologia, já colocaram os indicadores de ESG como critério de seleção”, revela Omar Tabach, managing partner da TGT Consult. “Inclusive, estamos neste momento tratando um caso, no qual o motivo de troca do fornecedor de infraestrutura de TI é essa preocupação em reduzir o impacto ambiental”.

“A TI vem impactando positivamente a sociedade e temos visto que investimentos e operações em tecnologia estão interligados, ainda mais quando os CIOs sentam à mesa no mais alto nível de decisão das organizações”, destaca Maurício. Medidas como a implementação de ferramentas para o controle na emissão de carbono, consumo de energia, promoção da economia circular, controle do consumo e qualidade da água em toda a cadeia de suprimento são as principais contribuições das áreas de TI para as organizações e sociedade.

“Quanto mais engajada for uma organização, maior atuação teremos do CIO”, afirma Maurício. “Independentemente do grau de engajamento da empresa, os CIOs devem assumir a liderança no controle do consumo de energia, na quantidade e cruzamento dos dados que podem contribuir para redução de emissão de carbono e controle do uso de recursos naturais e redução dos desperdícios”.

As organizações de melhor desempenho em ESG atribuem tal responsabilidade às áreas de Gestão de Riscos Climáticos e Ambientais, Gestão de Riscos Corporativos, Gestão de Riscos Sociais e Gestão de Capital, segundo Maurício Ohtani. Os processos e políticas internas envolvem definição da estratégia, controle da operação, gestão de pessoas, TI, análise da reputação, liquidez e crédito, avaliações de mercado e concorrência.

“Por enquanto, mesmo havendo muita conversa, poucas empresas demonstram engajamento em eficiência energética”, comenta o especialista. Algumas das medidas que as empresas nacionais estão assumindo são descarbonização ou Net Zero até 2030. Ele menciona também esforços das companhias para aumentar seus créditos de carbono – certificados emitidos para empresas que visam fomentar a diminuição de gases de efeito estufa e comercializados em leilões na B3. “Estabelecer menor volume de resíduos e evitar desperdício com foco na economia circular normalmente também fazem parte das medidas que as empresas brasileiras estão assumindo atualmente”.

Maurício finaliza dizendo que muita informação está sendo veiculada, promovida e divulgada e que a conscientização deve ser tanto de pessoas físicas quanto jurídicas. “Os executivos de TI e de todas as áreas de uma organização devem ser protagonistas e não coadjuvantes nesta questão. Cada qual deve atuar em sua área de responsabilidade em favor de um objetivo comum promovendo melhorias, mudanças, liderança de pensamento e maior engajamento das pessoas”.