A nuvem está a cada ano mais competitiva no Brasil.
A expansão do mercado de nuvem pública atingiu o setor público e os mercados de serviços financeiros, com uma utilização de nuvem mais madura sendo observada este ano. A Serpro, grande empresa de serviços do governo federal, vem fechando acordos com todos os principais provedores de nuvem desde 2019. A AWS foi a primeira a entrar em negociações, com um contrato no valor de R$ 71,2 milhões assinado em 2019. Em seguida, vieram Huawei Cloud (R$ 23 milhões), Microsoft (R$ 22,6 milhões), Oracle Cloud (R$ 41,5 milhões) e IBM Cloud (R$ 40,3 milhões), totalizando mais de R$ 198 milhões (aproximadamente US$ 40 milhões). O negócio do Serpro é uma pequena amostra. A nível federal, os órgãos do governo, o poder judiciário e a Câmara dos Deputados têm autonomia para usar os serviços de nuvem, que adquirem diretamente dos hiperescaladores. Os estados e municípios brasileiros também estão usando a nuvem como meio de reduzir custos e usar a IA para melhorar a arrecadação de impostos e prever a demanda de serviços públicos, ajustando assim os orçamentos e investimentos do governo de modo apropriado. A nuvem permite que as organizações do setor público automatizem e substituam a papelada por ferramentas avançadas de IA.
Para o setor bancário e de serviços financeiros, a adoção da nuvem se acelerou com sistemas financeiros abertos e de pagamento instantâneo, como a ISG havia previsto no estudo do ano passado. A tendência de modernização continua, com mais concorrência dentro dos bancos digitais. No ano passado, bancos e provedores de serviços têm discutido cada vez mais sobre a migração de mainframes para a nuvem. AWS, Microsoft e Google definiram metas estratégicas para mover mainframes para a nuvem. O Brasil é o segundo maior mercado de mainframes da IBM depois dos EUA.
O quadrante Consulting and Transformation Services for Large Accounts mostra competitividade renovada, impulsionada pelo crescente interesse do setor público e do setor de serviços bancários e financeiros em adotar a nuvem pública em sua totalidade. A nuvem híbrida é a realidade para hospedar aplicativos legados que não estão prontos para se beneficiar da nuvem, mas a híbrida agora inclui mais de uma nuvem pública. As grandes contas acostumadas a terceirizar serviços de TI trazem a experiência de não dedicar toda a responsabilidade de TI a um único provedor.
À medida que o mercado de grandes contas ganha maturidade, torna-se cada vez mais atraente para provedores de serviços gerenciados (MSPs) de grande porte e, consequentemente, MSPs globais estão aumentando sua participação de mercado no Brasil. Avaliações sofisticadas de preparação para a nuvem estão dando lugar a ferramentas automatizadas, incluindo extração de dados de bancos de dados legados, para serem carregados em bases de dados como serviços nativos da nuvem.
No quadrante Consulting and Transformation Services for Midmarket, este relatório conseguiu identificar mais MSPs este ano devido aos pesados investimentos dos hiperescaladores em educação, treinamento, certificação e programas de parceiros para desenvolver expertise de entrega local. O estudo constata que o número de especialistas certificados em nuvem dobra a cada ano. Para os provedores de serviços, treinamentos e certificações constantes são obrigatórios para se manterem competitivos no mercado. No entanto, o custo de treinamento e educação também está criando uma barreira à entrada de pequenas empresas.
Para a maioria dos clientes de mercado de médio porte, usar provedores de serviços certificados é a melhor maneira de acessar os principais especialistas e usar serviços de nuvem, especialmente para análise de dados e IA. Muitas empresas acham difícil igualar a alta remuneração que os empregados certificados podem obter no mercado.
O quadrante Managed Public Cloud Services for Large Accounts mostra muitas mudanças na posição relativa dos Líderes. A maturidade do mercado está impulsionando a demanda por ferramentas AIOps e FinOps superiores para gerenciar a crescente complexidade impulsionada por mais aplicativos principais executados na nuvem. Embora o monitoramento de ativos e serviços de nuvem continue sendo importante, a observabilidade tornou-se um termo comum usado pelos Líderes para diferenciar sua plataforma de serviços gerenciados.
A observabilidade pode ter diferentes significados ou interpretações e vem com painéis ricos em dados. Na maioria dos casos, refere-se à aplicação de aprendizado de máquina sobre padrões de utilização da nuvem para identificar desvios de orçamento e anomalias de desempenho. Estendendo esse conceito, alguns provedores oferecem observabilidade de desempenho de aplicativos e gerenciamento de desempenho corporativo (CPM). Tudo depende de como um provedor conduz os agentes de monitoramento e faz login na análise de dados para fornecer insights ou ações corretivas e preventivas nos níveis de gerenciamento de aplicativos ou negócios.
O quadrante Managed Public Cloud Services for Midmarket encontra uma abordagem mais pragmática para AIOps e FinOps. Os clientes esperam racionalizar os gastos com TI controlando o uso e o custo da nuvem. Os provedores de serviços usam ferramentas de observabilidade para ajudar os clientes na rearquitetura de seu cenário de nuvem e otimizar recursos, o que normalmente envolve a consolidação e o uso extensivo de computação sem servidor, infraestrutura como código (IaC), data lakes e outros serviços de nuvem que eliminam ou reduzem as horas de utilização do servidor e tamanho da base de dados.
Além dos programas de treinamento e educação robustos oferecidos pelos hiperescaladores, um grupo de MSPs patrocina a Escola da Nuvem – uma organização sem fins lucrativos que prepara estudantes para carreiras na nuvem e os conecta a possíveis empregadores. Além de fornecer treinamento, cursos gratuitos e interações com profissionais experientes de MSPs patrocinadores, essa iniciativa ajuda as empresas clientes a encontrar fontes adicionais para profissionais qualificados.
Todos os MSPs no mercado de médio porte oferecem automação de nuvem. No entanto, muitos não usam IA e aprendizado de máquina para automatizar catálogos de autoatendimento, fluxos de trabalho de aprovação e restauração de serviços (autocorreção). No outro extremo da automação, alguns provedores de serviços usam IA para prever preços de instâncias spot, preços de instância reservada, tendências de utilização e sazonalidade de consumo dos clientes. Com insights valiosos, os principais usuários da automação de IA podem reconfigurar dinamicamente os serviços em nuvem para reduzir custos. Assim, o nível de automação deve ser considerado na aquisição de MSPs.
O quadrante Hyperscale Infrastructure and Platform Services avalia oito hiperescaladores disponíveis no Brasil. A intensa disputa por novos clientes tem favorecido a AWS, que possui a maior base instalada. A ISG encontrou poucos casos de migração de clientes de um hiperescalador para outro. O mercado está competindo para transferir novas cargas de trabalho para a nuvem, o que indica sua crescente expansão.
Conforme destacado anteriormente, o setor público oferece uma forte oportunidade ou hiperescaladores. No entanto, o processo de licitação pública prioriza o preço mais baixo, o que ajuda a Oracle, Google e Huawei a participar do setor público. Também atrai pequenos MSPs que podem atender a demanda regional de escolas, hospitais, municípios e órgãos estaduais locais.
Os hiperescaladores adaptaram suas ofertas à realidade multinuvem, e grandes contas geralmente usam três nuvens. Uma configuração comum no Brasil é o Azure com Oracle Cloud. Isso reflete um comentário recente do CTO da Oracle, Larry Ellison: “A interoperabilidade multinuvem é uma das razões pelas quais nosso negócio de infraestrutura está crescendo.” No Brasil, os data centers em nuvem Azure e Oracle estão próximos, fornecendo latência quase zero para aplicativos executados no Azure e acessando dados no Oracle Exadata.
Em todos os casos, a abordagem fácil de migração de aplicativos para a nuvem foi gradualmente substituída pela transformação de aplicativos para fazer melhor uso da computação sem servidor, IA, data lakes e análises. Este estudo conclui que aplicações mais complexas estão migrando para a nuvem pública em 2022.
O mercado de SAP HANA Infrastructure Services continua a mostrar um crescimento sólido. Para novos clientes que desejam instalar o SAP S/4HANA e muitos outros produtos SAP, a nuvem é a única opção. O SAP não oferece mais licenças perpétuas para instalação no local. Para clientes existentes, o SAP oferece negócios atraentes quando os clientes consideram migrar seus produtos SAP para a nuvem, impulsionando assim a adoção da nuvem.
RISE with SAP, ou simplesmente SAP RISE, é um programa do SAP para acelerar a migração dos clientes para a nuvem. Ele agrupa licenças SAP S/4HANA por usuário pagas e infraestrutura em nuvem semelhante a um modelo SaaS. Os clientes podem escolher sua nuvem preferida e o SAP atua como um MSP operando o SAP dos clientes na nuvem.
Com o SAP RISE, muitos clientes assumem que todas as nuvens são iguais. No entanto, a realidade é um pouco diferente. O SAP não fornece migrações para a nuvem e os clientes precisam escolher um parceiro que ofereça experiência em SAP e nuvem. Os líderes desse mercado oferecem automação para avaliar, planejar e migrar o SAP para a nuvem, incluindo sistemas legados de ECC, armazéns de dados, documentos e arquivos. Não é um processo simples e a automação pode reduzir o custo e o tempo de migração.